domingo, 8 de setembro de 2013

Luz.

Eu lá no fundo sei que nada significa nada. E que grande parte das nossas experiências de hoje amanhã vão virar poeira, sombra, e ficarem esquecidas por aí. Mas há a memória da luz. Há sempre a memória do calor, do amor, e a vontade é grande. O querer é supremo. E o meu querer é inabalável.
Nunca vou ser a pessoa que permanece firme e hirta perante qualquer situação. Que racionaliza tudo e age de acordo. Que vive mediante a vida que deseja. Sou circunstancial. Vou sempre querer mais e mais e mais. Vou sempre querer a luz dentro de mim. Vou sempre procurar quem ma dê. E vou sempre querer pôr mais combustível na chama. Até explodir, até o fogo voar em todas as direcções e queimar tudo. E sentir-me viva, sentir-me morta, sentir tudo. Literalmente. E recomeçar.
Só a luz é real. Só o amor é real. O resto é fogo fátuo. Mera ilusão. Só o que nos aquece o coração tem algum significado. Procuro isso sempre. Renego e luto com quem mo quer tirar. Até à última gota de sangue. Nunca vou desistir do amor. Porque sem ele não existo. Sou um mero esquisso de mim.
E esse é o limite da minha compreensão. Não deveria ter que lutar pela minha alma. Mas o mundo é assim mesmo.Ele insiste, persiste, em tornar-nos todos em cinzas. Não vires cinza, sê a fénix. Renasce. Volta a viver. Não deixes que o mundo te mate. Mesmo que ele queira muito. Mesmo que ele te mostre vezes sem conta os benefícios da escuridão, não renegues a luz. Porque ela é quem te alimenta. Sem ela és morte. E sabes que te tornarás a maior das mortes, se caires o suficiente na escuridão. E não queres dar-te a esse luxo. Porque vai contra tudo em que acreditas. Porque são anos de guerra para evitares que a chama se extinga. Abanas, procuras vento, fazes tudo o que consegues para a manter viva, nem que o teu corpo sofra. Desde que ela continue lá.
Mas nada significa nada. E de vez em quando tenho estas revelações racionalistas. E aceito-as. Mas aceito-as como quem tem que respirar para sobreviver, mas não é particularmente fã do acto. Não me dá prazer respirar mas faço-o. Não me dá prazer aceitar isto mas faço-o.
E por vezes até consigo estar em áreas cinzentas sem me preocupar muito. Mas nunca por muito tempo. Logo chega a saudade da luz. A necessidade.
Saudade é o coração a dizer para onde quer voltar. O meu não quer um único minuto à sombra. Tenho saudades de todas as pessoas que já me iluminaram, e tenho a esperança que encontrem a sua própria luz. Gostava de lhe as poder ter dado. Gostava de partilhar o que sinto. Mera retribuição. E dói-me a escuridão das pessoas. Gosto do brilho. Mesmo que absorvido. Doo o meu sem nenhuma hesitação. Só quero ver luz. Por mim, o mundo seria sempre luz.
E a verdade é que lá no fundo nada significa nada. Mas é bom estar ao sol. Sabe bem sentir a luz. Mesmo que não tenha um significado.