Não tenho nada por que acordar de manhã. Sinto-me assim. Como que morta, a ver passar os dias a correr, um atrás de outro, fujo-lhes com um lanço desmedido, em busca de algo, de algo que não sei o que é, algo que me avassale, me estremeça e me impulsione. Ando com pressa. Corre de um lugar para o outro, de um pensamento para o outro, de uma visão do mundo para outra. Nada me prende, nada me chama, nada me agarra a atenção por muito tempo. Não sei viver assim. Não sei viver de dia-a-dia, de rotina. Sabe-me a pouco ou nada. Sinto-me tão presa, a este lugar, a este mundo que não é meu. Onde tenho que estar simples e sómente porque me comprometi. Porque iria desiludir alguém, porque ia provocar dor a alguém... E tudo o que quero é fugir sem rumo, viver sem ter uma ideia, sem pensar em nada, em total e completa liberdade. Onde os planos se vão fazendo e desfazendo ao sabor do vento, onde os momentos se desenrolem sem pensar, onde não haja amarras ao que quer que seja. A surpresa proporciona a maior felicidade, o doce gosto da loucura, do desafio da normalidade dogmática que nos encarcera o espírito. O meu quer voar. Sente saudades imensas disso... Saudades de emoções fortes, de adrenalina, de sentir sem limites, de vivenciar por completo cada momento. Sinto que preciso de sair daqui. Preciso de férias da ''minha' própria' vida.