quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nada.

Uma nulidade sob o disfarce de um todo. Ignorância do sentir, rejeição perfeita e completa da noção de alma (essa é a tua única perfeição). A existência de uma razão é banal. Matéria insubstâncial, algo de indefinido. És como barro de moldar. Revelas aos olhos dos outros algo que te faz parecer melhor. Independentemente da realidade. A tua não existe. É um esboço bonito que crias na tua mente, um retrato de moralidade, de bondade, onde todo o mal é fruto das acções de outrém. Onde pintas quem queres como queres. Um sonho apenas. Pesadelo seria mais correcto. O real pode ser bom ou mau, que dá-te igual. Negas-te, negas os outros por eles. Tudo é secundário, apenas o teu filme importa. Aquele que te coloca a ti como herói ao lado dos fracos (apesar de seres o mais fraco deles todos). E a cada guião que reescreves melhor és e piores eles são.
Misturas o vero com a mentira. Sem querer levantas o véu, e todos vêem. És algo a tentar ser. E morres para os outros como para ti mesmo já morreste. E desenvolves novas criações. Foges do que és para tentares tornares-te algo de utópico. Procurando a perfeição, não tens a noção de estares a perder o que és.
Mas cada um é livre de fazer as suas escolhes. Segue o teu caminho. Quando chegares ao fim da estrada pergunta-te:
O que és?
O que tens?
O que vales?
Foges da resposta que viola a tua mente no silêncio da tua solidão: nada.